sábado, 24 de maio de 2014

aquela noite


Lembras daquela noite que passastes comigo? Quando as paredes do meu quarto eram o limite do universo e que infinito era apenas o nosso amor? Eu tinha você nos meus braços e apertava todas as partes do seu corpo pra poder dizer que eu era dono de alguma coisa, mas não adiantava, eu era seu e seu era tudo o que eu era. Parecia que o Sol nunca nasceria de novo, mas do seu sorriso vinha a única luz de que eu precisava. Debaixo do meu cobertor não havia espaço pra memórias ou planos, apenas pra certeza de que jamais nos sentiríamos sozinhos. Eu punha músicas pra tocar e você fingia que as escutava quando na verdade ficava me olhando cantar, sabendo mais e mais a cada nova melodia que eu era o homem pra você. E você era a mulher a quem eu dedicaria todas as minhas serenatas. Você me tornava humilde e era na sua simplicidade que eu encontrava a minha extravagante alegria. Era nos seus cabelos que eu encontrava a minha paz, nas suas mãos, o meu sossego, no seu colo, o meu propósito. Em silêncio nós nos prometíamos. Eu acho que aquela foi a melhor noite da minha vida.

Gabriel Abreu