sexta-feira, 29 de junho de 2012

Borboleta

Amizade nasceu do casulo do amor,
Da afronta da dor, da esperança do abril,
De botar nas palavras a paixão tão febril,
Que por si mesma sente.

Entende-se inteira,
Não acha ligeira,
A própria existência.

Não colhe ilusão,
Joga ao coração,
Angústia alheia.

Encara o desgosto,
Traz firme no rosto,
Magoada coragem.

E carrega gentil, em constância viril,
A riqueza do afeto, do carinho direto,
Escondidos em cada lagarta.

Gabriel Abreu

segunda-feira, 4 de junho de 2012

sem palavras

Sinto que as palavras me traem. Só me vêm as baratas e oferecidas, que vadiam os cantos óbvios da criatividade. As afoitas de antes já não me visitam mais. As palavras me traem, mas traí-as primeiro. Consome, o amor por essas coisinhas. Te requer de inteiro, é carente de dedicação e compromisso. Tem de se ser delas pra que elas tuas sejam também. Tem de se falar por elas, ser pra sempre a expressão do escrito. E querer sê-lo mais do que qualquer outra necessidade. É difícil, mas me satisfaz.  Me faz também, me salva também, muitas vezes. Peço o perdão das palavras, que não só me eternizam, mas também me colorem o mundo e perpetuam tudo que há dentro dele.



O dinheiro é sujeito à arte, e da arte vencedor. Se apenas duvidássemos mais dele. Duvidar de nós mesmos. Duvida da vida? Duvido.