sábado, 26 de junho de 2010

Cigana sorrindo

Da cor dos dentes cuja boca traga a fumaça
Brilha a Lua
Sorriso amarelo que prende e seduz
Sorriso cigano, oblíquo e dissimulado
Numa circunferência perfeita
Ilumina mais uma noite morna de um junho carioca
Aquece mais uma noite de falso inverno
E abrem-se e fecham-se as cortinas das núvens
Plúmbeas e densas
Ofuscando e revelando Sua luz branca
Aquela que engana
Sombreia de leve

De leve encanta

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Diário de um viajante

(imaginem...vale a pena)

Sobre o desértico Atlântico
Sem a companhia do Sol ou das Nuvens
Penduram-se as estrelas

Estáticas
Deslumbrantes

E num dançar imóvel
Como todos os outros que pelas janelas olhavam
Me perdi

Estáticas
Deslumbrantes

E por um instante, em mais nada pensei
Apenas olhei
Minha alma e as estrelas

Estáticas
Deslumbrantes

E deslumbrado fiquei

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Fumante

O homem do cigarro,
Sentado no carro.

Janela e cano de descarga
Não se diferencia mais.
Mas o fumante, coitado,
Ignora, alienado.
Mal sabe o resultado:

O homem do cigarro
Sentado no carro
Pulmões de barro (implicam:)
Cinzas no jarro.

Ou simplesmente no cinzeiro...



Algo me diz que as pessoas não vão gostar disso, não sei por quê. Só espero que seja engano meu.

sábado, 5 de junho de 2010

Reflexão

-Defina tempo.
-

terça-feira, 1 de junho de 2010

Agonia do hoje

O dia da agonia é todo o dia. É hoje. Foi o hoje anterior. E o hoje antes desse. E o seguinte. E o passado. E desses hojes não saímos. Nunca. Pois pelo ontem nunca passamos, e no amanhã nunca chegaremos. É só hoje. Sempre. Agonia desse hoje que não acaba. Desse hoje em que nascemos, em que vivemos, em que morreremos. E o tão sonhado amanhã, nunca. O amanhã em que as coisas não mais serão as mesmas, nunca. O amanhã que não é hoje, nunca.
Sempre, sempre hoje.
E a agonia do ontem com o qual nos iludimos por ter vivido em outro dia. Conversa apenas. Quando foi, foi hoje também.
Sempre, sempre hoje.