domingo, 13 de setembro de 2009

Descrição de uma cena

Então, o momento mais esperado do dia: Ela adentra o recinto. Acaba com toda a angústia, toda a ansiedade, todo o desespero. Olha fixamente. Não desvia o olhar. Não pára de olhar. Olha profundamente. Olha profunda e fixamente. Olha, profunda, fixamente. E caminha. Dou um dó. Pára repentinamente. Comprimenta, ainda fixamente. Fixamente. Só fixamente. Impressiona os demais, pela sua capacidade de ignorar qualquer outro fator que não aquele que mira. Já conversa, descontrai. Dou um ré menor. Enquanto os outros, fantasmas. Fantasmas decepcionados. Fantasmas impressionados. Fantasmas. Fantasmas que não gostam de ser fantasmas, e que ainda não se comformam por serem fantasmas. Dou um sol. E me incluo nos fantasmas. Indignado, me incluo nos fantasmas. Aliás, só eu me incluo nos fantasmas, sou o único. Que observa atentamente a cena, ainda como um fantasma. Dou ainda um fá menor. E Ela continua fixa. Impressionante. Ainda não se destraiu, ainda não desviou a atenção de seu alvo. Ainda não tomou nenhuma atitude que merecesse algum comentário. Temendo que a situação se prolongue por muito mais tempo, termino aqui com um dó menor.

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