O quão adolescente pode ser um romance? Quão irresponsáveis podem
ser uns adolescentes brincando de paixão? E uma paixão, até que ponto resiste ao
amor? Difícil saber as verdades desses dois sentimentos. Mais difícil ainda é
definir essas palavras em si. Basta procurar em um dicionário qualquer que se acham
apenas linhas exaustas de explicações contraditórias. Se bem que não acho que a
realidade esteja muito afastada disso. Talvez tenha sido exatamente essa a intenção
do sábio Aurélio: mostrar o quão confusos são seus significados. No entanto, ao
invés de me frustrar, a abundância de definições me deixa satisfeito. Fico
feliz por saber que já me passaram pelo coração esses conjuntos simultâneos de
sinônimos que honraram o guloso orgãozinho. Gosto muito da tentativa do velho
Quintana – que saudade! – que escreveu: “Amor é quando a paixão não tem nenhum
outro compromisso marcado”. Pois é. Paixão é quando, de inesperado, os
sentidos se viciam, o espírito se torna lúgubre, o corpo obedece outro alguém,
a razão se desvaira, quando a solidão vem sempre narrada de memórias frescas, quando se acorda todas as manhãs com uma geada de alegria recém caída no travesseiro.
Amor é quando isso se torna rotina. Triste, por fim, é que de rotina, mesmo que
amada, a gente cansa.
Gabriel Abreu
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