domingo, 22 de julho de 2012

do indicativo, perfeito?

E que dure enquanto seja eterno.

O quão adolescente pode ser um romance? Quão irresponsáveis podem ser uns adolescentes brincando de paixão? E uma paixão, até que ponto resiste ao amor? Difícil saber as verdades desses dois sentimentos. Mais difícil ainda é definir essas palavras em si. Basta procurar em um dicionário qualquer que se acham apenas linhas exaustas de explicações contraditórias. Se bem que não acho que a realidade esteja muito afastada disso. Talvez tenha sido exatamente essa a intenção do sábio Aurélio: mostrar o quão confusos são seus significados. No entanto, ao invés de me frustrar, a abundância de definições me deixa satisfeito. Fico feliz por saber que já me passaram pelo coração esses conjuntos simultâneos de sinônimos que honraram o guloso orgãozinho. Gosto muito da tentativa do velho Quintana – que saudade! – que escreveu: “Amor é quando a paixão não tem nenhum outro compromisso marcado”. Pois é. Paixão é quando, de inesperado, os sentidos se viciam, o espírito se torna lúgubre, o corpo obedece outro alguém, a razão se desvaira, quando a solidão vem sempre narrada de memórias frescas, quando se acorda todas as manhãs com uma geada de alegria recém caída no travesseiro. Amor é quando isso se torna rotina. Triste, por fim, é que de rotina, mesmo que amada, a gente cansa.

Gabriel Abreu

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