Meu amor é
sol,
Astro
imenso que surge da escuridão no nascer de um novo dia,
Bola de
fogo de tão suma importância,
A quem
ninguém consegue olhar diretamente tamanha sua beleza,
Que brilha
em seu esplendor maior,
Mas que se
desespera quando sente seu declínio,
E leva tudo
consigo,
Prevê seu
fim e explode em desespero,
Tinge tudo
o que alcança em alaranjado doído,
Grita e
ateia fogo em todas as nuvens,
Chama atenção
de tudo e todos sobre quem brilha,
Em alvorada
de pânico,
Muda a cor
de todas as coisas e todos os seres,
Sem deixar
ninguém passar despercebido pelo poder de sua voz:
Magnífica
no berço,
Radiante a
pino,
Mas,
Somente na
morte,
Transcendental,
E sufoca aos
poucos no horizonte,
Engolida pouco
a pouco pela própria terra,
Até que o último
brilho,
A última
cor,
O último
resto de dia,
Apaga,
Levando consigo
toda memória e qualquer esperança que uma vez raiaram,
E me deixa
sozinho no escuro,
Sem poder ver
o que não aguentaria enxergar,
Sob o céu
de outros muito mais amores,
Que brilham
em outros tantos corações,
E que hão
também de morrer,
Em seus próprios
tempos,
Em seus próprios
pores,
Cada qual com
sua lua,
Mas todos
na mesma minha escuridão.
Até seu próximo
nascente.
Foi na
minha noite mais escura que meu sol brilhou mais forte,
E que pra
sempre deixou de se pôr.
Gabriel Abreu