terça-feira, 7 de maio de 2013

O sol que não se põem


Meu amor é sol,
Astro imenso que surge da escuridão no nascer de um novo dia,
Bola de fogo de tão suma importância,
A quem ninguém consegue olhar diretamente tamanha sua beleza,
Que brilha em seu esplendor maior,
Mas que se desespera quando sente seu declínio,
E leva tudo consigo,
Prevê seu fim e explode em desespero,
Tinge tudo o que alcança em alaranjado doído,
Grita e ateia fogo em todas as nuvens,
Chama atenção de tudo e todos sobre quem brilha,
Em alvorada de pânico,
Muda a cor de todas as coisas e todos os seres,
Sem deixar ninguém passar despercebido pelo poder de sua voz:
Magnífica no berço,
Radiante a pino,
Mas,
Somente na morte,
Transcendental,
E sufoca aos poucos no horizonte,
Engolida pouco a pouco pela própria terra,
Até que o último brilho,
A última cor,
O último resto de dia,
Apaga,
Levando consigo toda memória e qualquer esperança que uma vez raiaram,
E me deixa sozinho no escuro,
Sem poder ver o que não aguentaria enxergar,
Sob o céu de outros muito mais amores,
Que brilham em outros tantos corações,
E que hão também de morrer,
Em seus próprios tempos,
Em seus próprios pores,
Cada qual com sua lua,
Mas todos na mesma minha escuridão.

Até seu próximo nascente.

Foi na minha noite mais escura que meu sol brilhou mais forte,
E que pra sempre deixou de se pôr.  

Gabriel Abreu

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