quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ela



Ela toca (e pega) fogo!
Intocável, insuperável, inalcançável e irreal também.
Delatora da arrogância alheia, cega à própria intransigência. Declara aos berros as suas certezas certamente mais certas que as da plateia que a ouve. Nem se dá conta de que fala sozinha, de que a verdadeira virtude é saber escutar. Sabe tudo e não sabe que nada sabe, que ninguém sabe nada, que sempre nunca se sabe mais e mais. Acha que soube agora tudo que há pra se saber. Hermética, um tanque de guerra de escotilha fechada pronto para botar abaixo toda e qualquer muralha a frente, mesmo que esta não esteja em seu caminho. Nada mais pode ficar de pé além da Verdade de v maiúsculo, a que diz que todos, menos os do contra, merecem ser ouvidos. E vai, a mil, como um ônibus que mal se prende ao chassi, carregando todo o passageiro companheiro, sabendo que chegará sã ao destino cada vez mais próximo. Sábia, sábia ela, que por não aceitar o assento em outro lugar, nunca vê, logo ali, o sabiá. 

Gabriel Abreu

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