segunda-feira, 31 de maio de 2010

Monólogo do Rato

Estou sobre chão, entre paredes, sob o teto, ante a porta. Abro-a. Caio. Caio. Caio e chego ao chão: o mesmo chão de antes.

Me recupero, estou novamente sobre o mesmo chão, entre as mesmas paredes, sob o mesmo teto, ante a mesma porta. Me pergunto sobre o mistério da porta. Abro-a novamente. Caio. Caio. Caio e volto ao mesmo chão.

Olho atrás, nada. Olho para cima, nada. Estou perdido. Encaro mais a porta. Abro lentamente, quando chego na metade, caio. Caio. Caio e volto ao mesmo chão. Doeu mais! Um rato!!

O rato é a minha salvação! Caço e ele se esgueira. Prendo o rabo ao chão e pego! Súbito clarão e ele some. Recorro à porta. Abro-a. Caio. Caio. Caio e bato ainda com mais força naquele mesmo chão! Procuro o rato. Acho.

Resolvo observar o seu comportamento. Ele caminha sem rumo, durante um bom tempo. Até que percebo que me nota e vem na minha direção. O rato me dará a salvação. Me cheira, me toca: súbito clarão e ele some.

Se eu caio e chego ao chão, tenho que passar pelo teto. Como chegar ao teto? Droga! Só tenho a porta. Lá vou eu, imaginando qual o mistério da porta. Abro-a e espero. Ela se fecha. Abro-a e olho atrás. Nada. Pulo. Caio. Caio. Caio e me estabaco no maldito chão! O maldito rato continua indo a lugar nenhum, fuçando os cantos a troco da nada.

Os cantos.... Vou fuçar também. Tem um rodapé. Toco e a luz se apaga. Que luz? Ela volta. Toco na parede. Ai! Tombo.

Me recomponho. Estou sobre a parede, entre paredes, sob outra parede, ante o chão. Olho atrás, o teto. O rato no chão, a porta do lado, de lado. Tenho acesso ao teto!!! Toco no teto, caio no chão.
Toco na parede: nada. Toco no rato, ele some. Porta? Única opção.

Tenho agora hematomas. Toco na parede. Estou sobre a parede. O rato perambula: me irrita. Toco no rato, ele some. Minha visão já cansa dos clarões.Toco no rodapé, a luz se apaga. Toco no teto. Estou sobre o teto, entre paredes, sob o chão, ante a porta invertida. Abro-a. Caio. Caio. Caio, espero pelo pior e acabo na cama.

Minha cama aconchegante, tudo não passou de um sonho. Espreguiço, o clarão do dia me ofusca a visão. Procuro a porta com o tato, abro-a, tropeço no rato, caio sobre o rodapé e a luz se apaga.

Acende, me levanto: estou sobre o chão, entre paredes, sob o teto, ante a porta. Me parece familiar, aonde será que ela dá?

3 comentários:

Unknown disse...

ihh, eu já escrevi um parecido:

"Estou sobre chão, entre paredes, sob o teto, ante a porta. Abro-a. Ramon. Ramon. Ramon e chego ao chão: o mesmo chão de antes."

Stephanie Goebbels disse...

Little genious! O:

Renan Rosier disse...

Malukic eh bom, artistas são malukos, pessoais normais não são malukas, pelo e apesar do fato de todo ser humano ter um nível de malukic.