sábado, 8 de março de 2014

Terra

Que terra estranha é essa em que até meus sentimentos são estrangeiros? Em que não falo a língua de meus pensamentos e em que minha própria angústia não me faz sentido? Piso firme em um solo que não entende o meu caminhado, procurando um refúgio onde eu possa descansar sozinho. Tudo é novo e medonho, excitante e desconfortável. Só subo as ladeiras do dia porque à noite sei que exausto irei descê-las. Minhas únicas ladeiras que me fazem sentir saudades de casa. Casa que às vezes até esqueço onde fica. Meu coração então grita perdido no escuro de seu peito. No entanto, para minha sorte começa a chover fino e finalmente me acalmo, pois o cheiro de terra molhada é o mesmo seja ela estranha ou conhecida.
Gabriel Abreu

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