quinta-feira, 28 de julho de 2011

Enquete 3

“O que os olhos não vêem o coração não sente.” Pobre ditado, tens a mim. Sempre que patrocino sua legitimidade sou criticado: “Que canalha você!” Não é porque acredito nele que ao meu caso ele tem aplicabilidade. Mas não adianta, o adágio pena sempre sem necessidade. Depois de mais uma discussão com um dos que o caçam fiquei pensando na profundidade das implicações da sentença. Afinal, prefiro um coração dilacerado pela fivela da verdade ou acalentado pela benevolência da fantasia? Uma alienação da qual não se tem conhecimento é sempre oportuna, não? Àqueles que continuam atestando que não suportariam um orgulho ferido respondo: vocês não saberiam de nada, estariam protegidos sob a sombra da falta de ciência de seja lá o que for que os transtornaria. Convoco-os a medir e comparar os resultados: é maior o conforto moral de ter conhecimento da realidade por mais impetuosa que seja ela ou a comodidade de abster-se de tal incômodo desnecessário. Nesse sentido sou como Cypher, de Matrix, que não se importa em ser introduzido de volta no sistema contanto que retorne rico e famoso e que de nada disso se recorde. Faço dele minhas palavras: “Ignorance is bliss”. Ignorância é felicidade, suprema e absoluta. Ou ainda as de meu mártir, Nietzsche: “Wir haben die Kunst, um nicht an der Wahrheit zu sterben”. Temos a arte para não morrer da verdade. Na arte, à bons vinhos e mulheres ¹, ignoro complacente aquilo que me convém.

Meu intuito principal não é persuadir, mas entender em que sentido meu ponto de vista pode ser irracional, se é que de fato é.


1. Referência às exigências da personagem Cypher, de Matrix , ao condicionar sua volta à Matrix.

7 comentários:

Caio Neves disse...

gente, que medo. mto bom, senhorito.

Gabriel Abreu disse...

É melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado?!?! Gabriel maquiavélico..hahaha

Anônimo disse...

Gostei do tema, do questionamento que você traz à tona ,mas acho que ficou "pedante", PE!
Poderia ter discutido a questão, abordado MATRIX e o seu filósofo-guru , entretanto de forma menos rebuscada...Tome cuidado pois, se você se tornar um "parnasiano", poderá ficar longe do seus leitores.Lembre que os parnasianos "escreviam de janelas fechadas"...Aahahah
É só um comentário, querido!!! E , na realidade, prefiro que meu coração sinta tudo, por mais doloroso que seja...Quero olhos e coração abertos sempre! Beijos, Dona Fátima

Continue escrevendo mesmo fora!!! Nada de parar de escrever!!!!

Gabriel Abreu disse...

Talvez tenha razão d fat, e essa verdade não tem como ignorar..haha.as vezes eh bom uma ducha fria pra voltar a realidade..=P
nunca!! só saio do blog quando O Globo me oferecer uma coluna semanal..haha

Olga disse...

Querido Gabriel, és brilhante! E o és pelos questionamentos que brotam espontaneamente do teu interno sobre a vida e a existencia. São estes questionamentos que transformam alguns seres, em grandes homens, ao contrário, estamos fadados a mediocridade, mais ou menos colorida, apenas.
Parabéns ! bjo

Anônimo disse...

Amor, o texto esta muito legal! Faz jornalismo e fica aqui, ja falei! hahaha.
Mas, para responder a enquete... Embora entenda o seu ponto de vista, eu concordo com a sua professora. Prefiro ficar sempre de olhos abertos, mesmo que isso nem sempre me deixe feliz.
Ah sim, e acho bom mesmo que esse ditado nao se aplique ao que voce faz sem eu estar vendo! hahaha :P
Te amooooo!
Carla

Bebel disse...

As vezes ao fechar os olhos voce nao esta necessariamente fechando, também, o coração. De repente está até o abrindo mais para a felicidade e fechando apenas as portas para o que nao interessa, ou para o que interessa mas que nao queremos enxergar. A mentira é sempre ruim, claro, mas é também um jeito de proteger do que pode ser evitado... De fato, o que os olhos nao veem, o coração nao sente!